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O que se sabe sobre a Variante Delta, mutação do vírus SARS-CoV-2?

 
O que se sabe sobre a Variante Delta, mutação do vírus SARS-CoV-2? O que se sabe sobre a Variante Delta, mutação do vírus SARS-CoV-2?

Detectada pela primeira vez na Índia, em outubro de 2020, a mutação do vírus SARS-CoV-2 (causador da Covid-19), conhecida como Variante Delta (B.1 617.2, antes também chamada de variante indiana), já foi registrada em mais de 130 países, conforme divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 30 de julho deste ano. Ela é considerada uma variante de preocupação por ser mais transmissível do que as anteriores (Alfa, Beta e Gama), o que a faz mais contagiosa do que a cepa original.


Sua rápida disseminação em tempos de flexibilização das medidas de isolamento social em muitos países e no Brasil, chama a atenção dos cientistas em um momento em que os avanços para controlar a pandemia começavam a se observar a partir dos aumentos nas percentagens de cidadãos vacinados. Conforme divulgado pelo Ministério da Saúde (MS), atualmente são em torno de 1050 casos da variante Delta no Brasil e, segundo dados do boletim epidemiológico da Prefeitura do Rio de Janeiro (semana 33) a cidade registra 123 casos. Tudo isso torna a Delta uma variante de especial preocupação, da que é preciso conhecer mais. Para falar de seus sintomas, riscos e impactos, o pediatra e infectologista do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Márcio Nehab, foi consultado.


A Delta é mais uma variante da linhagem inicial Alpha (surgida no Reino Unido), que foi primariamente descoberta na Índia e que se expandiu rapidamente por todo o mundo. O grande problema da variante Delta é o seu alto poder de transmissibilidade. Como comparativo, a cada pessoa contaminada pela variante Alpha, contaminava mais três, a Delta provavelmente é o dobro ou mais do que isso. Já existem alguns trabalhos que mostram que ela é mais transmissível que a própria varicela e que o próprio Ebola, então isso é muito mais preocupante, pois pode causar mais mortes uma variante de alto poder de transmissão do que uma variante mais virulenta, ou seja, de capacidade maior de agressão ao organismo humano.


Os sintomas são semelhantes aos da variante Alpha e às de todas as variantes que existem hoje, que, na maioria das vezes, são quadros benignos de resfriado comum, mas também podem apresentar sintomas da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), podendo passar para uma vasta gama de sinais, como: obstrução nasal, coriza, tosse, dor de garganta, dor de cabeça, irritabilidade, falta de apetite, diarreia, vômitos, dor abdominal, manchas na pele, e outros sintomas muito parecidos às da variante Alpha, o que torna impossível clinicamente distinguir uma variante da outra. Lembrando também que muitas pessoas não apresentam sintomas, mas mesmo sendo assintomáticas transmitem o vírus, inclusive os vacinados também transmitem com cargas virais elevadas.


É preciso ficar atento, pois ainda não existe nenhuma vacina disponível e aprovada pelos órgãos reguladores que tenham sido desenvolvidas especificamente para proteção contra a variante Delta, pois as vacinas que temos hoje foram criadas para proteger da variante inicial Alpha. Porém, elas podem ser efetivas para combater formas graves da Covid-19. Em relação à variante Delta, as vacinas continuam mantendo um bom perfil de segurança na diminuição de hospitalizações, internações em terapia intensiva e outros. Em junho, dados demonstraram uma efetividade de 92% da vacina AstraZeneca para hospitalizações contra a variante delta. Agora, um novo estudo coordenado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, aponta que as vacinas Pfizer e AstraZeneca, no Brasil produzida pela Fiocruz, também garantem proteção contra a infecção pela variante Delta da Covid-19.


As alternativas para enfrentar essa variante são as mesmas que da variante Alpha: higienização de mãos, uso de máscaras adequadas, distanciamento social de, no mínimo, 1,5 metros entre as pessoas (quanto maior a distância maior a proteção, principalmente frente às cepas de alta transmissibilidade como a variante Delta), evitar aglomerações e a vacinação em massa.


O vírus pode achar um hospedeiro que não é imune ou que não teve a doença (seja porque não foi vacinado, porque foi vacinado incompletamente ou porque ainda não tem 15 dias da segunda dose da imunização, quando a vacina for de duas doses) e a consequência em um cenário de baixas coberturas vacinais em um grande número de pessoas é que o vírus possa se transformar em uma variante com maior transmissibilidade e/ou com maior virulência. A conjunção desses fatores é o que mais preocupa a comunidade científica.


Em algum momento as variantes deixarão de existir, acontecendo o mesmo que ocorreu em 2020 com a gripe suína. Com o bom resultado da vacinação fez com que o número de infecções novas diminuísse até virar como aconteceu com a gripe sazonal. Então, com o SARS-CoV-2 pode acontecer a mesma coisa. Com a maioria das pessoas vacinadas de forma adequada, provavelmente as variantes deixarão de surgir porque o número de pessoas suscetíveis vai diminuir no planeta de uma forma geral. As pesquisas estão em andamento, e isso será respondido nos próximos meses, conforme forem realizados estudos mais detalhados sobre as vacinas.


É necessário ressaltar a importância de que exista uma equidade vacinal, porque senão terão sempre novas variantes que serão disseminadas pelo mundo inteiro, como está acontecendo com a variante Delta a partir da reabertura de fronteiras, por exemplo em Israel, Estados Unidos e na Europa inteira, onde existe um crescimento expressivo do número de casos, e de novo há um aumento no número de pacientes internados e no número de óbitos.


Diante deste contexto, também é indispensável reforçar que o fim da pandemia só vai acontecer quando a maior parte da população elegível estiver vacinada, o que vai diminuir a circulação viral e aí provavelmente vamos conseguir extinguir esse vírus do planeta.


Fonte: Fiocruz

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